O projeto “Lar Doce Lar” pretende dar resposta às necessidades das pessoas idosas de São Miguel de Machede, que habitem sozinhas ou com outro (s) idosos (s) e que não tenham apoio formal ou familiar. O objetivo é promover o envelhecimento ativo.

O problema social identificado é o isolamento dos seniores de um modo geral e, em particular, dos residentes em meio mais rural. A experiência de atuação da instituição e os dados dos registos da nossa ação (inquéritos, entrevistas, atendimentos sociais) mostram a necessidade urgente de criar mecanismos para manter a atividade e os laços sociais das pessoas mais velhas, proporcionando-lhes um envelhecimento bem-sucedido. Na freguesia, existe um serviço de lar residencial e de apoio ao domicílio, mas apenas no âmbito de cuidados de higiene e alimentação. Há uma ausência de oferta de serviços de apoio de proximidade e de procura, por parte dos habitantes seniores da freguesia, de atividades que mitiguem o isolamento físico e/ou relacional. (Dados suportados pelo Diagnóstico Social – CLASE/Conselho Local de Ação Social de Évora, de que a instituição é membro e participante ativo da Unidade de Rede de Envelhecimento Positivo).

O objetivo principal do projeto consiste em desenhar e concretizar uma intervenção personalizada para cada sénior em situação de isolamento, contando com a sua participação e envolvimento, no sentido de promover uma vida mais ativa e com maior relação social e afetiva, na comunidade.

O projeto baseia-se na construção personalizada e participada de uma nova rotina de vida para os nossos concidadãos mais velhos que habitem em situação se isolamento. Essa nova rotina de vida pretende estabelecer um conjunto de atividades de estimulação cognitiva, relacionamento social e interação comunitária que criem e reforcem laços sociais e de vizinhança necessários para garantir um processo de envelhecimento ativo e feliz, protelando uma eventual institucionalização.

Este projeto conta com o apoio formal da Fundação La Caixa/BPI, no âmbito do Programa BPI Séniores/2021.

Ir ao domicílio das pessoas idosas mais isoladas, promovendo o contacto e a intervenção, com atividades de estimulação física, cognitiva e social, através de um projeto em regime de itinerância, poderá ser um forte contributo para combater o principal problema detetado: o isolamento físico e social de muitas pessoas idosas da nossa freguesia. O projeto levará, às pessoas, as atividades desenvolvidas pela Suão:

(i) o Circuito da Aldeia, onde os idosos têm uma dupla participação, como promotores e beneficiários, visto que são eles os portadores de saberes experienciais, que serão partilhados com outros idosos e crianças, que visitam a nossa terra, ou nas instituições às quais nos deslocamos para realizar esta visita virtualmente;

(ii) a Biblioteca Comunitária, projeto que promove a literacia e a realização de diversas atividades de animação social;

(iii) a Escola Comunitária, que promove a educação não formal através do contacto intergeracional;

(iv) o apoio social, através do projeto Gabinete da Papelada, onde se faz a mediação entre os cidadãos e os diferentes serviços públicos;

(v) o Projeto Porta Solidária, que, em parceria com o Banco Alimentar de Évora, disponibiliza apoio alimentar a famílias carenciadas.

Entrar na nossa carrinha dedicada a este projeto significará, para cada concidadão idoso da nossa comunidade, a entrada num novo ciclo de vida que, esperamos, seja mais preenchido, rico e feliz.

O principal fator de diferenciação deste projeto consiste na itinerância da abordagem inspirada, muito, nas antigas Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian , o que permitirá uma resposta personalizada e domiciliária para cada idoso isolado da nossa freguesia, território em que não existe qualquer outra resposta desta natureza. A criação desta rede domiciliária de atividade de estimulação e animação evoluirá para a integração gradual dos idosos em dinâmicas sociais e comunitárias em que poderão voltar a estabelecer laços de cooperação e amizade, essenciais para a sua saúde mental e para o seu equilíbrio social.

SUÃO VENCE PRÉMIO FIDELIDADE COMUNIDADE

A SUÃO – Escola Comunitária de São Miguel de Machede viu o seu trabalho reconhecido, uma vez mais, com a atribuição do Prémio Fidelidade Comunidade. Esta 2.ª fase da 4.ª edição do Prémio distinguiu 10 instituições sociais com 600 mil euros, num total de 328 candidaturas submetidas. Os projetos vencedores visam apoiar a comunidade.

A Suão apresentou-se a concurso com o projeto “Faça Favor de Entrar”, como forma de responder ao isolamento e solidão dos mais idosos e à ausência da intergeracionalidade no seu quotidiano. Foram sinalizados 80 idosos que serão acompanhados com intervenções específicas, mensalmente, envolvendo uma equipa de voluntários jovens e seniores.

Foi atribuído à Suão um apoio financeiro de 55.300 euros, num projeto integrado na temática da promoção do envelhecimento, com o reforço do apoio domiciliário e bem-estar dos idosos.

De acordo com Lurdes Pratas Nico e Bravo Nico, responsáveis da SUÃO, o Prémio Fidelidade Comunidade permitirá financiar a aquisição de uma viatura e a contratação de recursos humanos qualificados, para criar uma Rede Domiciliária Itinerante para realização de atividades de estimulação física, cognitiva e social e animação, levando as atividades da Associação às pessoas idosas, renovando a confiança na organização.

Este apoio permitirá, também, impactar outros projetos, já em curso, como o Circuito da Aldeia.

O Jornal Menino da Bica apresenta-se como um projeto inovador, enquanto ferramenta de inclusão social, participada, num contexto de formação e informação, que pretende desenvolver e valorizar, não só a comunidade Micaelense, mas todo o património material e imaterial de São Miguel de Machede, tendo os jovens como principais responsáveis do processo. Deste modo, os últimos realizam trabalhos que se inserem no que designamos como área de intervenção prioritária e inovadora – a responsabilização social juvenil.

A Escola Comunitária de São Miguel de Machede é, desde a sua fundação, em 1998, assumida como o meio privilegiado para a construção local, solidária, cooperativa e participada das competências e conhecimentos necessários para promover o desenvolvimento humano, social e económico promotor de uma cidadania de qualidade. Nesse sentido, a Escola Comunitária foi, é e será o projeto mais estruturante da SUÃO.

A Escola Comunitária adotou, desde o início, uma matriz científica e pedagógica próxima da Educação Popular, de matriz não formal e sempre associada aos interesses, necessidades e desafios da comunidade. Uma outra preocupação fundadora da Escola Comunitária consistiu na preocupação, sempre presente, em valorizar e aproveitar as qualificações académicas e profissionais dos mais jovens – promovendo o emprego jovem e qualificado – e conhecer, valorizar e divulgar a cultura local, mais próxima das gerações mais velhas e menos qualificadas – promovendo a patrimonialização dessa cultura.

Deste encontro entre diferentes gerações, com diferentes níveis de escolaridade e diversas rotinas de vida, mas coexistentes no mesmo espaço, tempo e momento histórico, na nossa comunidade, deverão resultar oportunidades de construção participada, solidária e cooperativa de novas e mais criativas, soluções para problemas que são transversais a todos. A Escola Comunitária desenvolve as suas atividades em múltiplas dimensões, numa abordagem ampla dos conceitos de Educação Comunitária e de Educação Popular: Educação para a Saúde, Educação para a Economia e o Empreendedorismo, Educação para o Trabalho, Educação para a Cultura, Educação para a Cooperação Intergeracional, Educação para o Património Local, Educação para a Solidariedade, etc.

A Escola Comunitária tem evidenciado um forte impacto na comunidade, uma vez que tem permitido a construção de uma nova rotina vital em muitos indivíduos, através da sua participação em processos educativos que se geram, frequentemente, a partir dos problemas quotidianos e que envolvem, sempre, pessoas de diferentes gerações e com distintos níveis de qualificação e de saberes experienciais. Esta construção coletiva de soluções que contribuem para o exercício da cidadania no nosso território tem proporcionado uma melhoria da qualidade de vida e a edificação de saberes e de competências que se assumem como património comunitário e que ficam à disposição de qualquer membro da nossa freguesia.

O Gabinete da Papelada é um espaço multifuncional, que trabalha em parceria com diversos organismos públicos e serviços locais e apresenta várias respostas sociais. Pode considerar-se que o Gabinete da Papelada antecedeu e foi um autêntico percursor das Lojas do Cidadão, uma vez que as antecedeu no tempo e no perfil funcional.

Neste processo de apoio aos cidadãos, os jovens micaelenses têm uma função fundamental na aquisição e disseminação das competências de organização e tratamento da informação e na prestação de serviços.

O Gabinete da Papelada conta com os seguintes serviços:

– Serviço de Apoios Sociais – Mediação em processos relacionados com a Segurança Social (exemplos: acesso a informações e preenchimento de formulários, como é o caso do Rendimento Social de Inserção, Complemento por Dependência, Complemento Solidário de Idosos e Realização de Prova Escolar (no caso dos estudantes)).

– Serviço de Apoios Fiscais – Mediação em processos relacionados com as Finanças (exemplos: Acesso a informações e preenchimento de formulários, como é o caso do IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis, Imposto sobre o Rendimento; Informações úteis ao contribuinte acerca de contribuições e isenções).

– Serviço de Apoio/Mediação do Cartão Social do Munícipe – em parceria com a Câmara Municipal de Évora, o gabinete da Papelada promove o apoio social, no âmbito da comparticipação de medicamentos e outras despesas de saúde, descontos em algumas lojas e farmácias e no consumo de água. O Gabinete da Papelada assegura a monitorização dos processos).

– Serviço Documental – É assegurado o apoio em cópias, encadernações, flyers de divulgação para particulares e entidades locais, assim como o auxílio na construção de cartões de divulgação de serviços.

– Porta Solidária – Mediação em processos, no âmbito de apoio às necessidades básicas não satisfeitas, a nível individual e familiar. Neste caso, concentra-se o apoio na mediação da aquisição de bens alimentares, em parceria com o Banco Alimentar de Évora.

– Serviço de Apoio Educativo/Empregabilidade/Ocupação – Apoio na elaboração de currículos e encaminhamento de casos para o IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional), através da parceria informal com a técnica responsável pelo território onde nos encontramos. Disponibilização de informação acerca de cursos de formação e outras ações educativas.

O Gabinete do Desenrascanço Estudantil (GDE) assenta na promoção de processos solidários de tutoria e mentorado entre os estudantes de São Miguel de Machede, tendo em vista a construção de percursos de qualificação de sucesso que levem os jovens ao ensino superior e, no final da sua formação, ao início da atividade profissional.

Ao longo dos seus percursos de formação, cada estudante vai assumindo, de forma sucessiva, diferentes responsabilidades: mentor (enquanto estudante do ensino secundário e superior), tutor júnior (estudante do ensino superior), tutor sénior (licenciado) e animador de projetos (em qualquer momento do percurso).

O projeto visa garantir a assiduidade e o interesse pela frequência letiva; proporcionar aos estudantes micaelenses iguais oportunidades de sucesso escolar; promover o sentido de responsabilidade nos jovens micaelenses; diminuir os níveis de absentismo e de abandono escolares dos estudantes micaelenses; reforçar a mediação entre escolas e as famílias; construi uma atitude positiva face à escola, por parte dos jovens e também das famílias.

O Gabinete do Desenrascanço Estudantil visa cobrir um défice de apoio escolar gratuito dos mais jovens, assim como de oferta de possibilidades de acesso a informação, cultura e experiências pedagógicas com vista à aquisição de competências sociais e comunitárias.

O Gabinete do Desenrascanço Estudantil conta, ainda, com o apoio de uma Psicóloga Educacional, na definição dos percursos vocacionais e no apoio às dificuldades de aprendizagem de natureza mais diferenciada.

O Curso de Educação Comunitária está em funcionamento desde o ano 1998, com a participação de, aproximadamente, 20 alunos (média anual) que se distribuem por várias disciplinas: Informática, Dinâmicas de Grupo; Expressão Visual e Expressão Físico Motora, incluindo aulas de Hidroginástica e Ginástica. A estas somaram-se atividades, como as comemorações de efemérides, atividades em parceria com outras instituições, que incluem crianças e jovens. Muitos dos participantes do Curso têm, ainda, funções como voluntários em projetos da instituição, como é o caso do Circuito da Aldeia.

O Curso de Educação Comunitária assumiu, a partir do confinamento imposto pelo Covid-19, uma proposta de trabalho com os alunos participantes a que designámos de Caderno Companhia. Através de um conjunto de atividades compiladas num caderno foi possível manter os participantes a realizar alguns trabalhos de estimulação, tais como a escrita e a pintura, assim como fomentamos o contacto entre os participantes, através da troca de correspondência virtual e por carta/fotografia.

O Curso de Educação de Adultos tem promovido o aumento da capacitação dos adultos, criando instrumentos que possam garantir o acesso à educação, socialização e desenvolvimento para todos os concidadãos.